
Em meio à consolidação de um novo governo interino, a Síria adotou um código de vestimenta para mulheres em praias e piscinas públicas. O regulamento determina o uso obrigatório de trajes de banho que cubram todo o corpo, como o burquíni, e ou a valer desde terça-feira (10) para turistas e residentes. 5y4n58
A norma foi divulgada pelo Ministério do Turismo, que justificou a decisão como uma medida de “interesse público”.
“Visitantes de praias e piscinas públicas, sejam turistas ou moradores locais, são obrigados a usar trajes de banho adequados que levem em conta o gosto do público e as sensibilidades de vários segmentos da sociedade”, afirmou o ministro do Turismo, Mazen al-Salhani, em publicação nas redes sociais.
A diretriz estabelece que “Trajes de banho mais recatados são obrigatórios em praias e piscinas públicas (burkinis ou trajes de banho que cubram mais o corpo)”. E reforça: “Ao se deslocar entre a praia e outros locais, é necessário usar uma saída de praia ou um robe largo (para mulheres) sobre os trajes de banho.”
A medida é temporária ou permanente? 2w4019
O documento também impõe que homens usem camisas, proibindo o uso de roupas de banho apenas em espaços não destinados ao mergulho, como saguões de hotéis e áreas de alimentação. Recomenda-se ainda que, fora das áreas de banho, todos vistam roupas que cubram ombros e joelhos, evitando peças justas ou transparentes.
Espaços considerados de padrão internacional, como hotéis com quatro estrelas ou mais e praias privadas, continuam liberados para os trajes de banho ocidentais.
O ministério, porém, não especificou punições para o descumprimento. Informou apenas que “salva-vidas e supervisores de praia” serão responsáveis por fiscalizar o cumprimento das regras.
A iniciativa surge em sintonia com a nova istração chefiada por Ahmad al-Sharaa, presidente interino que liderou a coalizão islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS). A organização, anteriormente conhecida como Frente Al-Nusra, é classificada como terrorista por Estados Unidos e Reino Unido.
O governo de transição assumiu o controle do país em dezembro, após a queda do regime de Bashar al-Assad, no poder por décadas. Desde então, uma série de normas mais conservadoras vem sendo implementada.
Em março, al-Sharaa aprovou uma constituição provisória com base na lei islâmica, válida por cinco anos. A expectativa, segundo ele, é que o novo texto constitucional esteja pronto em três anos, com a possibilidade de eleições dentro de quatro.
A organização Human Rights Watch alertou que a autoridade concentrada nas mãos de al-Sharaa “levanta sérias preocupações sobre a durabilidade do Estado de Direito e da proteção dos direitos humanos, a menos que salvaguardas claras sejam implementadas”.
Na visão de al-Salhani, responsável pela política turística, as novas normas respeitam a diversidade cultural, social e religiosa da população síria. O ministro também negocia com investidores de países do Golfo para reativar o setor, após o fim das sanções dos Estados Unidos em maio deste ano.
Segundo o ex-presidente americano Donald Trump, a retirada das penalidades econômicas representa uma “chance de grandeza” para a reconstrução da Síria.
Leia também: Túmulos bizantinos de 1.500 anos são descobertos por acaso na Síria