
A Fundação Humanitária para Gaza (GHF) anunciou nesta quarta-feira (4) a suspensão total da entrega de alimentos na Faixa de Gaza. A decisão, segundo o grupo, visa pressionar Israel a garantir mais segurança nas áreas onde a ajuda é distribuída. O anúncio ocorre após uma série de episódios violentos, com mortos e feridos, próximos aos postos de abastecimento. 5a3a4o
Nas últimas semanas, pontos de entrega viraram palco de tumultos e confrontos. O modelo atual de distribuição, concentrado em apenas três locais para atender mais de dois milhões de pessoas, tem gerado confusão e disputas. Só na terça-feira (3), ao menos 27 palestinos morreram em incidentes no sul do território, segundo autoridades locais e a Cruz Vermelha.
Distribuição militarizada de ajuda em Gaza levanta questionamentos 6z6s3i
Críticas ao modelo adotado se multiplicam. Organizações internacionais alertam que o uso de seguranças armados compromete o o igualitário aos alimentos. A ONU, que pede uma investigação independente sobre os casos mais recentes de violência, afirmou que o sistema “é uma gota em um oceano”.
A GHF, apoiada pelos Estados Unidos e operando em parceria com Israel, diz que a atual estrutura de entrega é insuficiente. Em nota, o grupo relatou ter solicitado às Forças de Defesa de Israel que “orientem o fluxo de pessoas de forma a minimizar confusões ou riscos de escalada” nos arredores dos pontos de distribuição. Também pediu a melhoria no treinamento das tropas e orientações mais claras à população.
“A nossa maior prioridade continua sendo garantir a segurança e a dignidade dos civis que recebem ajuda“, disse um porta-voz da GHF. Por sua vez, um representante do Exército israelense advertiu a população a evitar a circulação nas áreas de entrega, definindo os locais como “zonas de combate”.
O Conselho de Segurança da ONU deve votar ainda nesta quarta uma resolução exigindo cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas e a liberação irrestrita da ajuda humanitária. A entidade considera o bloqueio de 11 semanas, imposto entre março e maio, um dos principais fatores da crise de desnutrição generalizada enfrentada pelos palestinos.
“É inaceitável. Civis estão arriscando — e em muitos casos perdendo — suas vidas apenas para conseguir comida“, declarou Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, na terça-feira. Ele classificou o sistema de distribuição como “uma receita para o desastre, que é exatamente o que está acontecendo”.
A distribuição já havia sido interrompida brevemente na semana anterior, também por causa de incidentes violentos. Palestinos que conseguiram receber alimentos relataram desorganização e desespero. “Se você é forte, consegue pegar [comida]. Se não for, não pega“, disse um morador.
A recém-formada GHF declarou que mais de sete milhões de refeições foram entregues em Gaza desde o início de sua operação, há cerca de uma semana. O diretor interino da entidade, John Acree, fez um apelo: “Trabalhem conosco e faremos a sua ajuda chegar a quem está dependendo dela”.
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