Ao prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que não presenciou qualquer movimento ou discurso com teor golpista por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o resultado das eleições de 2022. t3j3a
Ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, Tarcísio manteve-se próximo ao então chefe do Executivo mesmo após ser eleito governador. No depoimento, ele disse: “Jamais [tive conhecimento de intenções golpistas]. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido no meu período de ministério. Nesse período em que estive com o presidente nessa reta final, nas visitas que eu fiz, ele jamais tocou nesse assunto e não mencionou qualquer tipo de ruptura. Encontrei um presidente triste, resignado. Esse assunto nunca veio à pauta.”
Bolsonaro articulava ruptura institucional? 6q6d4v
As declarações foram dadas no âmbito de uma investigação que apura suposta tentativa de golpe de Estado. A 1ª Turma do STF ouviu, nesta sexta-feira, testemunhas apresentadas exclusivamente pela defesa de Bolsonaro. Algumas delas já haviam sido convocadas em outros processos, como os chefes das Forças Armadas e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão.
O senador e ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) também depôs. Ele afirmou ter coordenado a transição de governo a pedido de Bolsonaro e negou qualquer tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Foi tudo dentro da normalidade e o presidente em momento nenhum quis obstaculizar”, declarou.
Ciro também disse desconhecer qualquer vínculo entre o ex-presidente e os ataques de 8 de janeiro de 2023, além de negar diálogos com teor golpista.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que era aguardado, acabou dispensado pela defesa do ex-ministro Anderson Torres, acusado de envolvimento no caso.
Na semana anterior, os ex-comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Marinha, brigadeiro Batista Júnior, relataram ao STF que Bolsonaro e o então ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira discutiram com a cúpula militar uma minuta de decreto que visava reverter o resultado das eleições.
Denúncia da PGR aponta articulação ampla 4o464x
No dia 26 de março, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia ao STF contra Bolsonaro e outros 33 envolvidos. Eles foram acusados de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa.
A PGR afirma que o ex-presidente e seu então candidato a vice, Braga Netto, lideraram uma articulação que buscava impedir, de forma coordenada, a posse do presidente eleito. A denúncia cita a atuação de civis e militares, divididos em núcleos com papéis distintos dentro do suposto plano.
Ver essa foto no Instagram
Leia também: Bolsonaro não seria o primeiro ex-presidente punido por tentativa de golpe