
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres declarou que desconhecia a origem do texto encontrado em sua residência e que nem se lembrava da existência dele. O material, que ficou conhecido como “minuta do golpe”, propunha decretar estado de defesa no país e a prisão de autoridades para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 4f1a2k
O documento foi apreendido pela Polícia Federal durante uma operação de busca e apreensão. Segundo Torres, o episódio foi inesperado. “Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’, eu brinco que é a ‘minuta do Google’ […]”, disse, referindo-se ao texto, que estava junto a outros papéis levados do Ministério da Justiça para sua casa.
“Eu realmente nem me lembrava dessa minuta. Me lembrei quando foi aprendido pela Polícia Federal. Foi uma surpresa. O senhor, não sei se estava acompanhando, mas isso era voz corrente na Esplanada dos Ministérios. Estava difícil trabalhar, inclusive a gente recebia minutas, ideias e uma série de coisas pelo WhatsApp, papel”, continuou.
Quem escreveu a minuta? 401d8
Torres afirmou que o documento não partiu dele, tampouco foi debatido em sua gestão. “Eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete do Ministério da Justiça, organizado pela minha assessoria, isso veio num envelope dentro, foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti esse assunto, eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu. Era pra ter sido destruída há muito tempo, eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito, cheio de erros de português, de concordâncias, até o nome do tribunal que estava escrito lá estava escrito errado. Então não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto”, concluiu.
Acusações da PGR 4n68u
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que, enquanto fazia parte do governo Jair Bolsonaro, o ex-ministro participou da disseminação de narrativas sobre fraude nas urnas eletrônicas, com base em declarações feitas em uma live em 2021. Segundo a acusação, ele distorceu informações da Polícia Federal e apoiou planos para bloquear vias federais no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022.
A PGR também aponta que Torres teria redigido documentos com propostas golpistas e, posteriormente, agido com omissão ao ocupar o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele é acusado de não ter tomado providências para conter os atos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.
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