
Em uma análise realizada pela NASA, cientistas alertam que o aumento do calor extremo, combinado com alta umidade, pode tornar áreas do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste do Brasil, assim como outras regiões do mundo, inabitáveis até o ano de 2070. O estudo foi publicado na revista científica Science Advances.
A pesquisa conduzida por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, destaca que, mesmo uma pessoa saudável, pode enfrentar sérios riscos de superaquecimento se exposta a temperaturas de bulbo úmido superiores a 35°C por mais de seis horas. Esta medida calcula o impacto da temperatura combinada com a umidade do ar, fornecendo um quadro mais preciso sobre os riscos à saúde humana.
A temperatura de bulbo úmido é um índice que leva em consideração a temperatura do ar e a umidade presente. Isso significa que mesmo em um dia com temperatura de 45°C, se a umidade for de 50%, a sensação térmica pode escalar para impressionantes 71°C. Tais condições tornam o ambiente insalubre para seres humanos e pode causar danos irreversíveis à saúde ou mesmo levar a mortes por hipertermia.
A umidade alta interfere diretamente na capacidade do corpo de se resfriar através da transpiração. Em ambientes úmidos, o suor não evapora eficientemente, impedindo que o calor corporal seja dissipado. Assim, mesmo em temperaturas que podem parecer áveis, combinadas com alta umidade, aumentam o risco de problemas de saúde ou fatalidades.
Quais regiões, além do Brasil, podem se tornar inabitáveis? 2f4l5z
Atualmente, diversas áreas do mundo já atingem valores térmicos acima do limite de risco. O Paquistão e alguns países do Golfo Pérsico são exemplos. O estudo demonstra porém, que com o aquecimento global a tendência é que as temperaturas continuem subindo, afetando regiões que hoje não sofrem com desafios devido ao aumento de temperatura e umidade.
O Sul da Ásia, o Golfo Pérsico e áreas banhadas pelo Mar Vermelho estão em risco de se tornarem inabitáveis em 50 anos, pois tendem a atingir 35°C no bulbo úmido. Já algumas partes da China, o Sudeste Asiático e regiões dentro do Brasil tem uma data mais incerta para o acontecimento, mas caminham na mesma direção. As frágeis leis ambientais, constante desmatamento e poluição do ar colaboram para o aceleramento deste processo.
E esta sensação de calor extremo tende a elevar a taxa de mortalidade. Um estudo conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) revelou que entre 2000 e 2019, o calor matou 489 mil pessoas por ano no mundo. Mas, como a mortalidade associada ao calor não é corretamente notificada na maioria dos países, a OMS e a OMM estimam que o número real de mortes é, no mínimo, 30 vezes maior.
Isso significa que pelo menos 14.670.000 pessoas morrem por ano de calor no mundo. E esse número é anterior às temperaturas recordes e ondas de calor mais intensas e prolongadas registradas em 2023 (o ano mais quente da história) e 2024, que caminha para superar o ano anterior.
Em 30 anos, ondas de calor no Brasil aumentaram de 7 para 52 dias ao ano. Segundo o Inpe, quatro das cinco regiões do Brasil tiveram elevação brusca; Sul foi o mais poupado pelas temperaturas, mas o mais castigado pelo aumento das chuvas (Globo) pic.twitter.com/WLi5Jjmm0Z
— Blog do Noblat (@BlogdoNoblat) November 13, 2023